18 - A Letter to God: A Primeira Carta

Oi, este é o momento que todos nós ficamos nos encarando procurando uma resposta. Eu procuro a resposta para saber se eu confio em você, e você procura saber se eu não sou louco. Todos nós temos uma história por trás de cada olhar, por trás de cada passo. Até mesmo por trás de cada movimento involuntário. A história que está prestes a ler não é uma história que vai te emocionar. Mas quem sabe te fazer pensar um pouco sobre tudo o que se passa ao seu redor
Não vou me apresentar, pois não quero que saiba quem eu sou, mas quero que saiba que eu sou assim como você, um humano. Com meus defeitos, minhas qualidades e meus medos. Mas por algum motivo eu escolhi ficar sozinho, decidi me dedicar a cada coisa que me satisfazia. Mas mesmo assim ainda não era completo. Minha historia, começa a anos atrás, eu era apenas um garoto de seus 4 anos. Mas ainda sim era mais esperto que muitos da minha idade. Eu já sabia quando eu iria ficar sozinho, e já sabia o que eu precisava fazer para sobreviver a minha solidão. Essa era a minha fraqueza, talvez foi ai que eu me fechei. Antes dos meus 4 anos as únicas lembranças que eu tenho era de uma criança olhando para mim, através de um vidro da janela do ônibus, enquanto uma gota de chuva me tirava a atenção das coisas ao meu redor. Eu não sabia, mas daquele dia em diante eu me tornaria algo que nem mesmo eu compreenderia, eu teria medo da solidão, de ficar sozinho, de ver a história dos meus pais se repetirem em minha vida.
Eu quase não me arrependo desse dia, mas eu queria ter dito algumas palavras para aquele moço que se despedia enquanto eu caminhava de mãos dadas com minha mãe no sentido oposto. Aquele dia eu sabia dentro de mim que eu teria que procurar alguma coisa para ocupar o espaço daquela despedida. Eu queria saber mais sobre aquele homem que se despedia de mim, queria poder mais sobre o seu nome, sua história, queria poder lembrar da sua voz. Mas eu acredito que o tempo para eu realizar isso já se passou, e não mais voltara. Após aquele dia, eu percebi dentro de mim que a solidão seria meu maior medo, e também a minha maior companhia. Os anos se passaram eu até ouvi falar sobre um Deus. Mas mesmo assim, por todas as religiões e crenças, nada afogava dentro de mim aquilo que pouco a pouco me matava. Eu tornava o meu medo real. Mas foi aos 6 anos que algo aconteceu comigo.
Um pouco depois de completar 6 anos, eu aprendi a sorrir ao lado de pessoas. Pessoas pequenas assim como eu, com sonhos e que só pensam em correr para um lado e para o outro. A gente se reunião em um velho playground e ficava horas e horas correndo ou deitados vendo o sol nascer entre os muitos prédios da minha velha cidade. No meio de tanta brincadeira, eu conheci alguém. Esse alguém era especial para mim. Queria estar ao lado dela, queria ver sempre um sorriso estampado em seu rosto. Mas o que me aconteceu não foi o amor juvenil, o que aconteceu é que pela primeira vez eu aprendi o que é ser forte e defender alguém que nos é importante.
Em uma bela manhã, um dos meninos que havia acabado de chegar, ficou tão bravo que nada parecia acalma-lo, até que ele pegou um pedaço de madeira, acho que era um cabo de vassoura. Lembro que a camisa dele era listrada em tons de verde, tinha uma pele morena, e um cabelo baixo. Eu não me recordo o nome dele, mas sei que por varias vezes eu o chamei de amigo, por varias vezes, fugimos daquelas "tias" chatas e nos escondemos embaixo de uma arquibancada. Mas aquele dia ele não estava sendo meu amigo, ele estava sendo uma ameaça para todos, inclusive para mim. Todos chamavam ele, mas parecia que ele não ouvia, ele olhou tão fixo nos meus olhos que eu me lembro das lagrimas escorrendo pelo seu rosto, como se aquilo aliviasse uma dor incompreensiva dentro dele. Mas ele olhou, para aquela pessoa, que eu tanto gostava, e partiu para cima dela, meu mundo apagou. Quando me dei conta eu estava na frende dela, ele olhava fixamente para meu rosto, e pouco a pouco senti o sangue escorrer sobre minha face, pintando de vermelho minhas roupas. Cai de joelhos, e então lentamente vi o mundo parar. Foi neste momento que minha primeira carta foi escrita, se bem que estava mais para um bilhete.

"Não me deixe morrer. Mesmo que eu não vale nada, não me deixe morrer."

(Continua)


Como prometido depois de um tempo, escrevi a primeira parte dessa série de cartas! Queria informar que o inicio desta história é parte de um livro que estou escrevendo e que em breve se der tudo certo será publicado. Mas até vamos tentar manter o blog o mais ativo possível!
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Nos vemos na próxima! Fui

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